JORNAL ESTADO DE MINAS – Agropecuário – 29 de outubro de 2007.
DESTAQUE NO CAMPO - BÚFALOS
Participação do rebanho na produção mundial de leite cresce 42% em 10 anos
O AVANÇO DOS BÚFALOS
A eficiência reprodutiva e o lugar de destaque alcançados pelo búfalo nos criatórios dos países Ásia são exemplo do potencial desse rebanho, principalmente, como oportunidade de negócio para os pequenos agricultores. São 172 milhões de cabeças no mundo, das quais 97% concentrados na Índia, no Paquistão e na China, segundo os dados mais recentes das Organizações das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) de 2005. A produção mundial ultrapassa os 77 bilhões de litros de leite, quase três vezes mais que o resultado obtido pelos criadores do Brasil ano passado, de 26 bilhões de litros.
O animal é estudado cada vez mais com atenção pela comunidade científica, em função de sua rusticidade, longevidade, grande capacidade de capacitação e resistência à doenças infectocontagiosas. No cenário também tem reflexos no Brasil, segundo o pesquisador Alcides de Amorim Ramos, presidente do Conselho Deliberativo Técnico da Associação Brasileira de Criadores de Búfalo (ABCB).
“Esses animais, participam atualmente do processo produtivo em países da Europa, Ásia, África e no continente americano. No Brasil, a bubalinocultura tem ocupado espaço nunca imaginado”, afirma, em estudo feito com base em dados da FAO referentes aos últimos 10 anos até 2005. A produção mundial de leite de búfala saltou 41,64% nesse período, frente a 14,27% de evolução do volume produzido do leite de bovinos.
A importância que esses animais têm se refere na participação do búfalo na produção mundial de leite, que cresceu de 10,08% em 1995 para 12,23% em 2005. No sentido oposto, caiu de 86,04% para 84,23% a parcela de rebanho bovino no leite produzido no mundo. A contribuição relativa dos caprinos diminuiu de 2,18% para 1,97%. O trabalho dos bubalinocultores no Brasil pode ser considerado animados, nesse cenário, para Alcides Ramos.
O rebanho desses animais saiu de 63 mil cabeças no país em 1961 para 495 mil em 1980 e 3,03 milhões em 2005. “Não há paralelo entre esses números e a evolução de outras espécies de interesse econômico explorados no Brasil”, diz o representante da ABCB. Distribuída por pelo menos oito estados – Pará, São Paulo, Minas Gerais, Rio grande do Sul, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Ceará – a produção média de leite de búfala por lactação atinge cerca de 1,6 mil quilos, com duração de 240 dias e 7,1% de gordura. Os búfalos têm se multiplicado a uma taxa de 85% de eficiência reprodutiva, ante 55% no caso do rebanho bovino.
Alcides Ramos está convencido de que a espécie pode se constituir, em curto prazo, numa grande fonte complementar de proteína animal, por meio da produção leiteira, da mesma forma que se observa na Índia. “Na Índia, há três vacas para cada búfala e a produção destas já representa 60% do total”, afirma. O pesquisador concorda com a tese de que mantido o crescimento da bubalinocultura no Brasil, o número de fêmeas será suficiente para uma produção em escala comercial.
O assunto será um dos principais temas do 5º Encontro Brasileiro de Criadores de Búfalo, em Belo Horizonte, de 15 a 17 de novembro em BH. Élcio Fonseca Reis, presidente da Associação Mineira de Bubalinocultores, aguarda a presença de pesquisadores e criadores de todo o país vão participar do programa. Alimentação do animal, reprodução e sanidade são outros destaques da programação. O Brasil é considerado o quinto produtor mundial de leite de búfalo, num ranking liderado pela Índia, Paquistão, China e Itália.