Defesa conceitual da marca “Fazendas Peabiru”
Peabiru é uma palavra de origem tupi-guarani, que possui várias traduções: caminho forrado, caminho pisado, caminho sem ervas, caminho que leva ao céu. Para os descendentes guaranis é o caminho de busca da Terra Sem Mal, lugar este que seria a morada de seus ancestrais, onde as roças cresciam sem serem plantadas e a morte era ignorada.
A logomarca foi desenvolvida a partir de dois elementos principais, o conceito de “caminho”, que envolve o nome Peabiru, e a bubalinocultura, principal atividade desenvolvida nas fazendas.
Para traduzir a bubalinocultura, optou-se em utilizar uma forma que remete ao chifre do búfalo da raça Murrah, que é caracterizado por curvaturas em torno de si mesmo, em forma de espiral. Esta mesma forma remete a “caminho”, fazendo ligação com o nome da fazenda. O elemento representativo do verde simboliza a origem do animal e a demarcação de território que é feita pelos búfalos. A energia do verde reflete essa participação, adaptabilidade e cooperação presentes na fazenda. Espaço, liberdade, harmonia e equilíbrio são aspectos que se originam do sentimento natural de justiça do verde. Essa cor atua como um sinal para a renovação da vida e sua vibração mais elevada reflete o espírito de evolução.
Os elementos citados acima encontram-se dentro de um círculo amarelo, que representa o ciclo de vida em uma fazenda. O amarelo é compreensivo e inspirador; refulge e ilumina e, em sua vibração mais positiva, corresponde ao conhecimento e à sabedoria. Cor que se assemelha ao sol, trazendo a esperança e o sentimento de que tudo correrá bem.
Foi utilizada a fonte “France” que possui serifas mais leves, traduzindo seriedade e compromisso. Optou-se em utilizar a fonte em caixa alta e caixa baixa, dentro de um box conectado à marca, para haver um equilíbrio entre os elementos.
quarta-feira, 31 de março de 2010
ANÁLISE QUÍMICA DOS PRODUTOS DE BÚFALOS
ANÁLISE QUÍMICA DOS PRODUTOS DE BÚFALOS
Conforme pode ser observado nas tabelas abaixo, a carne e o leite de búfalos são extremamente mais saudável que os de bovinos. Repare que os componentes químicos que são benéficos para a saúde humana, são encontrados em maior quantidade no búfalo, já os elementos que são prejudiciais, são encontrados em menor quantidade.
Quantidade para 100 g de carne--Búfalo--Bovino
Calorias (kcal)-----------------131,00--289,00
Proteínas (%)-------------------26,83---24,07
Lipídios (g)--------------------1,80----20,89
Ácidos Graxos-Saturados(g)------0,60----8,13
--------------Monosaturados(g)--0,53----9,06
--------------Polisaturados(g)--0,36----9,06
Colesterol (mg)-----------------61,00---90,00
Minerais (mg)-------------------641,80--583,70
Vitaminas (mg)------------------20,85---18,52
Componentes do leite------------Búfala--Bovina
Proteinas (%)-------------------4,00----3,50
Lipidios (%)--------------------8,00----3,50
Lactose (%)---------------------4,90----4,70
Água (%)------------------------82,00---87,80
Colesterol total (%)------------214 mg--319 mg
Conforme pode ser observado nas tabelas abaixo, a carne e o leite de búfalos são extremamente mais saudável que os de bovinos. Repare que os componentes químicos que são benéficos para a saúde humana, são encontrados em maior quantidade no búfalo, já os elementos que são prejudiciais, são encontrados em menor quantidade.
Quantidade para 100 g de carne--Búfalo--Bovino
Calorias (kcal)-----------------131,00--289,00
Proteínas (%)-------------------26,83---24,07
Lipídios (g)--------------------1,80----20,89
Ácidos Graxos-Saturados(g)------0,60----8,13
--------------Monosaturados(g)--0,53----9,06
--------------Polisaturados(g)--0,36----9,06
Colesterol (mg)-----------------61,00---90,00
Minerais (mg)-------------------641,80--583,70
Vitaminas (mg)------------------20,85---18,52
Componentes do leite------------Búfala--Bovina
Proteinas (%)-------------------4,00----3,50
Lipidios (%)--------------------8,00----3,50
Lactose (%)---------------------4,90----4,70
Água (%)------------------------82,00---87,80
Colesterol total (%)------------214 mg--319 mg
O AVANÇO DOS BÚFALOS
JORNAL ESTADO DE MINAS – Agropecuário – 29 de outubro de 2007.
DESTAQUE NO CAMPO - BÚFALOS
Participação do rebanho na produção mundial de leite cresce 42% em 10 anos
O AVANÇO DOS BÚFALOS
A eficiência reprodutiva e o lugar de destaque alcançados pelo búfalo nos criatórios dos países Ásia são exemplo do potencial desse rebanho, principalmente, como oportunidade de negócio para os pequenos agricultores. São 172 milhões de cabeças no mundo, das quais 97% concentrados na Índia, no Paquistão e na China, segundo os dados mais recentes das Organizações das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) de 2005. A produção mundial ultrapassa os 77 bilhões de litros de leite, quase três vezes mais que o resultado obtido pelos criadores do Brasil ano passado, de 26 bilhões de litros.
O animal é estudado cada vez mais com atenção pela comunidade científica, em função de sua rusticidade, longevidade, grande capacidade de capacitação e resistência à doenças infectocontagiosas. No cenário também tem reflexos no Brasil, segundo o pesquisador Alcides de Amorim Ramos, presidente do Conselho Deliberativo Técnico da Associação Brasileira de Criadores de Búfalo (ABCB).
“Esses animais, participam atualmente do processo produtivo em países da Europa, Ásia, África e no continente americano. No Brasil, a bubalinocultura tem ocupado espaço nunca imaginado”, afirma, em estudo feito com base em dados da FAO referentes aos últimos 10 anos até 2005. A produção mundial de leite de búfala saltou 41,64% nesse período, frente a 14,27% de evolução do volume produzido do leite de bovinos.
A importância que esses animais têm se refere na participação do búfalo na produção mundial de leite, que cresceu de 10,08% em 1995 para 12,23% em 2005. No sentido oposto, caiu de 86,04% para 84,23% a parcela de rebanho bovino no leite produzido no mundo. A contribuição relativa dos caprinos diminuiu de 2,18% para 1,97%. O trabalho dos bubalinocultores no Brasil pode ser considerado animados, nesse cenário, para Alcides Ramos.
O rebanho desses animais saiu de 63 mil cabeças no país em 1961 para 495 mil em 1980 e 3,03 milhões em 2005. “Não há paralelo entre esses números e a evolução de outras espécies de interesse econômico explorados no Brasil”, diz o representante da ABCB. Distribuída por pelo menos oito estados – Pará, São Paulo, Minas Gerais, Rio grande do Sul, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Ceará – a produção média de leite de búfala por lactação atinge cerca de 1,6 mil quilos, com duração de 240 dias e 7,1% de gordura. Os búfalos têm se multiplicado a uma taxa de 85% de eficiência reprodutiva, ante 55% no caso do rebanho bovino.
Alcides Ramos está convencido de que a espécie pode se constituir, em curto prazo, numa grande fonte complementar de proteína animal, por meio da produção leiteira, da mesma forma que se observa na Índia. “Na Índia, há três vacas para cada búfala e a produção destas já representa 60% do total”, afirma. O pesquisador concorda com a tese de que mantido o crescimento da bubalinocultura no Brasil, o número de fêmeas será suficiente para uma produção em escala comercial.
O assunto será um dos principais temas do 5º Encontro Brasileiro de Criadores de Búfalo, em Belo Horizonte, de 15 a 17 de novembro em BH. Élcio Fonseca Reis, presidente da Associação Mineira de Bubalinocultores, aguarda a presença de pesquisadores e criadores de todo o país vão participar do programa. Alimentação do animal, reprodução e sanidade são outros destaques da programação. O Brasil é considerado o quinto produtor mundial de leite de búfalo, num ranking liderado pela Índia, Paquistão, China e Itália.
DESTAQUE NO CAMPO - BÚFALOS
Participação do rebanho na produção mundial de leite cresce 42% em 10 anos
O AVANÇO DOS BÚFALOS
A eficiência reprodutiva e o lugar de destaque alcançados pelo búfalo nos criatórios dos países Ásia são exemplo do potencial desse rebanho, principalmente, como oportunidade de negócio para os pequenos agricultores. São 172 milhões de cabeças no mundo, das quais 97% concentrados na Índia, no Paquistão e na China, segundo os dados mais recentes das Organizações das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) de 2005. A produção mundial ultrapassa os 77 bilhões de litros de leite, quase três vezes mais que o resultado obtido pelos criadores do Brasil ano passado, de 26 bilhões de litros.
O animal é estudado cada vez mais com atenção pela comunidade científica, em função de sua rusticidade, longevidade, grande capacidade de capacitação e resistência à doenças infectocontagiosas. No cenário também tem reflexos no Brasil, segundo o pesquisador Alcides de Amorim Ramos, presidente do Conselho Deliberativo Técnico da Associação Brasileira de Criadores de Búfalo (ABCB).
“Esses animais, participam atualmente do processo produtivo em países da Europa, Ásia, África e no continente americano. No Brasil, a bubalinocultura tem ocupado espaço nunca imaginado”, afirma, em estudo feito com base em dados da FAO referentes aos últimos 10 anos até 2005. A produção mundial de leite de búfala saltou 41,64% nesse período, frente a 14,27% de evolução do volume produzido do leite de bovinos.
A importância que esses animais têm se refere na participação do búfalo na produção mundial de leite, que cresceu de 10,08% em 1995 para 12,23% em 2005. No sentido oposto, caiu de 86,04% para 84,23% a parcela de rebanho bovino no leite produzido no mundo. A contribuição relativa dos caprinos diminuiu de 2,18% para 1,97%. O trabalho dos bubalinocultores no Brasil pode ser considerado animados, nesse cenário, para Alcides Ramos.
O rebanho desses animais saiu de 63 mil cabeças no país em 1961 para 495 mil em 1980 e 3,03 milhões em 2005. “Não há paralelo entre esses números e a evolução de outras espécies de interesse econômico explorados no Brasil”, diz o representante da ABCB. Distribuída por pelo menos oito estados – Pará, São Paulo, Minas Gerais, Rio grande do Sul, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Ceará – a produção média de leite de búfala por lactação atinge cerca de 1,6 mil quilos, com duração de 240 dias e 7,1% de gordura. Os búfalos têm se multiplicado a uma taxa de 85% de eficiência reprodutiva, ante 55% no caso do rebanho bovino.
Alcides Ramos está convencido de que a espécie pode se constituir, em curto prazo, numa grande fonte complementar de proteína animal, por meio da produção leiteira, da mesma forma que se observa na Índia. “Na Índia, há três vacas para cada búfala e a produção destas já representa 60% do total”, afirma. O pesquisador concorda com a tese de que mantido o crescimento da bubalinocultura no Brasil, o número de fêmeas será suficiente para uma produção em escala comercial.
O assunto será um dos principais temas do 5º Encontro Brasileiro de Criadores de Búfalo, em Belo Horizonte, de 15 a 17 de novembro em BH. Élcio Fonseca Reis, presidente da Associação Mineira de Bubalinocultores, aguarda a presença de pesquisadores e criadores de todo o país vão participar do programa. Alimentação do animal, reprodução e sanidade são outros destaques da programação. O Brasil é considerado o quinto produtor mundial de leite de búfalo, num ranking liderado pela Índia, Paquistão, China e Itália.
BÚFALOS NO BRASIL
BÚFALOS
Os búfalos chegaram ao Brasil no fim do século XIX, trazidos da Ásia. O principal argumento dos bubalinocultores é que esses animais são boa alternativa para a criação nacional, pois além de produzir leite gordo, fornecer boa carne e ser muito eficiente como animal de tração e montaria, o búfalo exige pouco dos criadores. Resistentes a doenças, adaptam-se facilmente a regiões adversas aos bovinos e é capaz de transformar pastos ruins em boa proteína. Uma búfala vive, produtivamente, em média de 20 a 25 anos.
Entre os búfalos domésticos, distingue-se várias raças, quatro das quais englobam todos os animais existentes no Brasil: carabao, jafarabadi, mediterrâneo e murrah. Foram domesticadas há cerca de 6.500 anos.
As búfalas são boas produtoras de leite, com alta média (de 7 a 8%) de gordura, sabor adocicado e cor muito branca. O leite de búfala é apropriado para a indústria de laticínios, que o aproveita para a fabricação de manteiga e queijos (especialmente a mussarela), veja o quadro comparativo com o leite de bovinos:
Qualidade acima da média (em %) - Comparação
------------------------Água----Gordura-Proteína-Açúcar-Cinza
Leite de Búfala (%)-----81,0----7,98----5,2------4,3----0,8
Leite de Vaca (%)------87,7----3,80----3,1------5,0----0,7
Fonte: IBGE, 1977.
A principal raça leiteira é a murrah e seu período de lactação vai, geralmente, de fevereiro a outubro, portanto estão em lactação nos meses secos, quando decresce a produção leiteira dos bovinos. Por sua docilidade, as búfalas podem ser ordenhadas manualmente sem a necessidade de cordas, mas também aceitam perfeitamente a ordenha mecânica. São animais de rotina, gregários e que acostumam logo com os peões. Respeitam cercas comuns bem feitas (de arame liso ou farpado) e especialmente as cercas com pulsadores elétricos, que são bem mais baratas e fáceis de se fazer. Havendo pasto e água suficientes, as cercas podem ser mais baixas que as comuns, pois os búfalos, ao contrário dos cavalos e bovinos, não têm o hábito de saltá-las.
A relação recomendada é de um macho reprodutor para 45 búfalas. Geralmente, as búfalas podem ser cobertas aos 26 meses. Seus períodos de cio repetem-se a cada dezoito ou vinte dias e duram de 6 a 48 horas. A gestação dura dez meses e o índice de natalidade supera os 85%.. Os bezerros nascem com cerca de quarenta quilos e devem ser marcados com brincos ou tatuagem para facilitar a sua de identificação, pois são muito parecidos e tendem a mamar em qualquer mãe. Logo ao nascer, deve-se curar o umbigo com tintura de iodo, para evitar infecções e o risco de morte das crias que são frágeis até os sete meses, quando também são mais vulneráveis às verminoses. Depois disso, são bastante resistentes e rústicos, quase não se observando óbitos.
Por causa da espessura do seu couro, os búfalos são muito resistentes a doenças e praticamente não são afetados por carrapatos e bernes. As vacinas para búfalos são as mesmas usadas para as raças bovinas. Alguns rebanhos podem ser infestados por piolhos, que são facilmente eliminados com pulverizações.
Em regime de pastos, os machos atingem de 400 a 500 quilos de peso vivo entre os 24 e 30 meses. Em confinamento, podem alcançar 450 quilos aos 18 meses de idade, mostrando, portanto, bastante precocidade em comparação com os bovinos.
FONTE: Guia Rural Abril 1986. P.162.
Os búfalos chegaram ao Brasil no fim do século XIX, trazidos da Ásia. O principal argumento dos bubalinocultores é que esses animais são boa alternativa para a criação nacional, pois além de produzir leite gordo, fornecer boa carne e ser muito eficiente como animal de tração e montaria, o búfalo exige pouco dos criadores. Resistentes a doenças, adaptam-se facilmente a regiões adversas aos bovinos e é capaz de transformar pastos ruins em boa proteína. Uma búfala vive, produtivamente, em média de 20 a 25 anos.
Entre os búfalos domésticos, distingue-se várias raças, quatro das quais englobam todos os animais existentes no Brasil: carabao, jafarabadi, mediterrâneo e murrah. Foram domesticadas há cerca de 6.500 anos.
As búfalas são boas produtoras de leite, com alta média (de 7 a 8%) de gordura, sabor adocicado e cor muito branca. O leite de búfala é apropriado para a indústria de laticínios, que o aproveita para a fabricação de manteiga e queijos (especialmente a mussarela), veja o quadro comparativo com o leite de bovinos:
Qualidade acima da média (em %) - Comparação
------------------------Água----Gordura-Proteína-Açúcar-Cinza
Leite de Búfala (%)-----81,0----7,98----5,2------4,3----0,8
Leite de Vaca (%)------87,7----3,80----3,1------5,0----0,7
Fonte: IBGE, 1977.
A principal raça leiteira é a murrah e seu período de lactação vai, geralmente, de fevereiro a outubro, portanto estão em lactação nos meses secos, quando decresce a produção leiteira dos bovinos. Por sua docilidade, as búfalas podem ser ordenhadas manualmente sem a necessidade de cordas, mas também aceitam perfeitamente a ordenha mecânica. São animais de rotina, gregários e que acostumam logo com os peões. Respeitam cercas comuns bem feitas (de arame liso ou farpado) e especialmente as cercas com pulsadores elétricos, que são bem mais baratas e fáceis de se fazer. Havendo pasto e água suficientes, as cercas podem ser mais baixas que as comuns, pois os búfalos, ao contrário dos cavalos e bovinos, não têm o hábito de saltá-las.
A relação recomendada é de um macho reprodutor para 45 búfalas. Geralmente, as búfalas podem ser cobertas aos 26 meses. Seus períodos de cio repetem-se a cada dezoito ou vinte dias e duram de 6 a 48 horas. A gestação dura dez meses e o índice de natalidade supera os 85%.. Os bezerros nascem com cerca de quarenta quilos e devem ser marcados com brincos ou tatuagem para facilitar a sua de identificação, pois são muito parecidos e tendem a mamar em qualquer mãe. Logo ao nascer, deve-se curar o umbigo com tintura de iodo, para evitar infecções e o risco de morte das crias que são frágeis até os sete meses, quando também são mais vulneráveis às verminoses. Depois disso, são bastante resistentes e rústicos, quase não se observando óbitos.
Por causa da espessura do seu couro, os búfalos são muito resistentes a doenças e praticamente não são afetados por carrapatos e bernes. As vacinas para búfalos são as mesmas usadas para as raças bovinas. Alguns rebanhos podem ser infestados por piolhos, que são facilmente eliminados com pulverizações.
Em regime de pastos, os machos atingem de 400 a 500 quilos de peso vivo entre os 24 e 30 meses. Em confinamento, podem alcançar 450 quilos aos 18 meses de idade, mostrando, portanto, bastante precocidade em comparação com os bovinos.
FONTE: Guia Rural Abril 1986. P.162.
BUBALINOCULTURA
BUBALINOCULTURA:
Apesar de seu grande potencial para a produção de alimentos, o Brasil encontra-se, ainda hoje, em situação desconfortável, em relação ao suprimento de uma dieta mínima aos segmentos menos favorecidos da população.
A produção de alimentos a baixo custo é uma alternativa para a superação desse estigma nacional. Nesse contexto, a criação de búfalos, a exemplo do que ocorre com a criação de pequenos e médios animais, adquire contornos de opção ao viabilizar a conversão de áreas marginais, disponíveis em várias regiões do país, como as baixadas alagadas com pastagens de baixo valor nutritivo, em proteínas nobres. Em pouco menos de um século de sua introdução no país, o rebanho bubalino nacional vem crescendo a taxas superiores a 10% ao ano, contando hoje, com mais de dois milhões e meio de cabeças.
Uma criação alternativa como a de búfalos representa um acréscimo significativo na produção de carne e leite, em função da capacidade produtiva desses animais, que podem atingir 400 a 500 kg, aos dois anos de idade, em pastagens nativas ou cultivadas, e cuja produção de leite pode alcançar a média de 5 litros/fêmea/dia, em regime de pasto, sem qualquer suplementação.
O leite da búfala é de excelente qualidade e possui grande rendimento na transformação em subprodutos. Além disso, apresenta bom desempenho em trabalhos de tração, sendo de grande valia para o pequeno produtor. Aos aspectos produtivos soma-se a docilidade desses animais.
CLASSIFICAÇÃO:
Família: Bovidae
Sub Família: Bovinae
Bubalus bubalis variedade bubalis: é o búfalo doméstico ou indiano, abrangendo os búfalos da Índia, Paquistão, China, Turquia e de vários países da Europa e América. Os búfalos provenientes da Itália também pertencem a esta subespécie. É denominado mundialmente de búfalo de rio.
Bubalus bubalis variedade Kerebau: é encontrado no Ceilão, Indochina, Ilhas da Indonésia e Filipinas. É o Carabao, que na região amazônica recebe a denominação de Rosilho. É também chamado de “búfalo do pântano”.
Os búfalos de pântano, representados no Brasil pela raça Carabao, apresenta um conjunto de 48 cromossomos ( 2n=48 ). Os búfalos de rio ( no Brasil as raças Murrah, Jafarabadi e Mediterrâneo ) possuem 50 cromossomos ( 2n=50 ).
PRODUÇÃO DE LEITE:
A produção de leite de búfalas é, sem dúvida, uma atividade de imensa importância em vários países do mundo. No Brasil os búfalos são criados principalmente para a produção de carne, mas já começam a ser aproveitados, e com grande sucesso, também na produção de leite.
Em alguns casos, os bubalinos exibem produtividade leiteira economicamente superior aos zebuínos, isto é, cada litro de leite é produzido a custo menor, por apresentarem grande rusticidade, o que lhes permite aproveitar melhor as forragens de qualidade inferior e se adaptar às mais diferentes condições climáticas, com marcante resistência a doenças. Colocados, porém no habitat do gado bovino europeu especializado, os búfalos não conseguem atingir os excelentes resultados desses bovinos, selecionados durante vários séculos. Apesar disso os valores de produção dos búfalos são bastante elevados, chegando em alguns casos a superar os 4000 kg de leite por fêmea/ lactação.
Na elaboração de laticínios, o leite da búfala apresenta rendimento industrial superior ao leite bovino. Possui, ainda, 33% menos colesterol, 48 % menos proteína, 59 % mais cálcio e 47 % mais fósforo. Por conter maior teor de gordura, são necessários apenas 14 litros de leite de búfala para produzir 1 kg de manteiga, enquanto que para obter a mesma quantidade de manteiga com leite bovino, são necessários aproximadamente 20 litros. Por outro lado, com apenas 8 litros de leite de búfala pode-se obter 1 kg de queijo mussarela de alta qualidade. São necessários 12 litros de leite de vaca para a mesma finalidade.
Em geral, as búfalas são consideradas excelentes produtoras de leite quando atingem média superior a 7 litros de leite/fêmea/dia, durante uma lactação de aproximadamente 270 dias, alimentando-se exclusivamente de pastagem cultivada. Em pastagem nativa esta média não ultrapassa 5 litros em um período de 250 dias.
Com a utilização de búfalas de boa aptidão leiteira, das raças Murrah, Mediterrâneo, Jafarabadi, há possibilidade de obtenção de produção satisfatória de leite, a baixo custo, usando-se tecnologias simples e de fácil adoção, além da utilização dos machos para reprodução ou sistema de produção de carne.
Tendo em vista o maior rendimento do leite de búfala em laticínios, recomenda-se seu total aproveitamento na fabricação de queijos, manteiga, iogurte e doce de leite. O soro pode servir de alimento para suínos e outros animais.
ALIMENTAÇÃO:
O búfalo é um excelente transformador de alimentos grosseiros (forrageiras de alto teor de fibra e baixo valor nutritivo), podendo produzir satisfatoriamente em condições adversas. Entretanto, níveis superiores de produtividade são alcançados com suplementação alimentar (agroindústria e/ou alimentos obtidos na fazenda), bem como mineralização do rebanho com macro e microelementos, de acordo com as deficiências locais.
As fêmeas leiteiras com produções diárias superiores a 7 kg de leite devem receber suplementação de concentrado energético-proteico, na proporção de 1 kg de ração para cada 3 kg de leite produzidos. Os bezerros lactentes de fêmeas submetidas a duas ordenhas diárias, além de pastejar gramíneas de boa qualidade ou recebê-las trituradas em cochos, devem consumir ração suplementar de bom valor nutritivo, na proporção de 1 kg para cada 100 kg de peso vivo, além de minerais e água. Os bezerros provenientes de uma ordenha diária, acompanham a mãe após a ordenha, permanecendo juntos até o final da tarde, quando são apartados, ficando os bezerros em pastos próximos ao estábulo ou em bezerreiros com forrageiras trituradas, sal mineral e água.
Em pastagens nativas, o sistema de criação é extensivo não havendo controle de carga animal. Nessas condições, aconselha-se o uso integrado de pastagem nativa com pastagem cultivada para melhor desempenho produtivo do rebanho, durante os períodos críticos.
Nas terras inundáveis, em solos de média e alta fertilidade, a gramínea cultivada mais utilizada por esses animais é a canarana-erecta-lisa (Echinocloa pyramidalis). Para melhor desempenho da pastagem, há necessidade de manejo em pastejo rotacionado, com um mínimo de quatro pastos para cada lote de animais, com carga de 1,0 UA de 550 kg de peso vivo/ha/ano.
Em terra firme, o quicuio da amazônia ( Brachiaria humidicola ), braquiarão (Brachiaria brizantha ), colonião ( Panicum maximum ) e outras espécies adaptadas às diferentes condições brasileiras podem atender satisfatoriamente as necessidades alimentares dos bubalinos. Essas gramíneas podem ser manejadas em pastejo contínuo, com lotação de 1 UA/ha/ano, e intensivo rotacionado, com 3 UA/ha/ano. Nessas pastagens quando necessário, deve ser efetuada roçagem anual das ervas invasoras.
MANEJO REPRODUTIVO:
Os reprodutores devem ser selecionados, levando-se em consideração: o elevado potencial para produção de leite; o peso compatível com a idade e a raça; e a inexistência de defeitos zootécnicos. Os machos devem ser enlotados aos 30 meses de idade, na relação touro: vaca de1:25, em sistemas extensivos, e no máximo 1:40, nos intensivos. Para evitar consangüinidade, os reprodutores devem ser descartados de modo que não cubram suas próprias filhas.
Devem ser descartadas as fêmeas que ao final da segunda lactação, tenham apresentado produção leiteira inferior à média do rebanho, as que não tiverem parido por dois anos consecutivos, as que tiverem atingido doze anos de idade, as má criadeiras (de pouca habilidade materna), as que apresentarem defeitos, as que se mostrarem soro positivas para brucelose e as reativas positivamente para tuberculose.
Após o desmame, os bezerros podem ser transferidos para um pasto distante do rebanho da reprodução, a fim de evitar concorrência pelo leite da mãe entre o bezerro do ano anterior e o recém-nascido. Caso isto não seja possível, o desmame deve ser feito por processo mecânico, como o anel de plástico colocado no septo nasal.
Ao completarem dois anos de idade, as melhores fêmeas devem ser selecionadas com base nos seguintes critérios: produção de leite da mãe, peso vivo da fêmea e ausência de defeitos zootécnicos. Os machos sem as características exigidas para um reprodutor devem ser castrados entre 12 e 18 meses de idade ou transferidos para pastos de engorda e criados separados das fêmeas. Nos rebanhos comerciais, os machos devem ser castrados nos primeiros dias de vida.
IDENTIFICAÇÃO:
A identificação do bezerro deve ser efetuada na primeira semana de vida, colocando brincos nas duas orelhas, e/ou tatuando números com tinta preta ou verde apropriada. Nos animais de sobreano, para maior garantia de identificação e facilidade de leitura, faz-se uma tatuagem na prega ano-caudal.
ORDENHA:
No sistema de duas ordenhas diárias, que incrementa a produção leiteira em torno de 24 %, geralmente adotado em pastagem cultivada, o aleitamento dos bezerros é feito apenas durante o apojo do leite. No de uma ordenha diária os bezerros acompanham a mãe durante o dia.
Se houver condições, as vacas lactantes podem ser submetidas a um banho natural em cursos d’água ou com mangueiras no estábulo, antes da ordenha, visando maior higiene do leite e conforto dos animais. Imediatamente antes da ordenha devem ser efetuados a limpeza do úbere com água clorada ou outro bactericida, a coleta de leite para teste de mamite e, posteriormente, o enxugamento do úbere do animal.
A ordenha mecânica é bem aceita pelas búfalas que na sua maioria dispensam contenções soficticadas e até mesmo a pêia. Aguardam pacientemente o término da ordenha.
PRODUÇÃO DE LEITE EM SISTEMA INTENSIVO:
ESTABULAÇÃOLIVRE: esse sistema de produção deve ser utilizado, preferencialmente, por produtores que dispõem de máquinas e equipamentos, boas instalações, áreas cultivadas com volumosos de bom valor nutritivo e, sobretudo, fêmeas com elevado potencial de produção leiteira.
A ração concentrada deve ser fornecida principalmente durante o período seco e de acordo com a produção de leite de cada fêmea. Os animais devem receber cerca de 1 kg de concentrado (com 18 % de proteína bruta e 70 % de NDT ) para cada 3 kg de leite produzidos. Nesse sistema de criação, as fêmeas podem produzir cerca de 2600 kg/ lactação de 300 dias
PASTEJO INTESIVO ROTACIONADO: deve-se escolher uma forrageira de alta produção por área, com elevado valor nutritivo. Em seguida, escolhe-se uma área adequada, não sujeita a inundações e relativamente plana, que facilite a mecanização. Recomenda-se fazer aração e gradagem, bem como adubação de plantio e manutenção.
No manejo intensivo rotacionado efetua-se a divisão da área em piquetes, os quais são pastejados pelo período de um a sete dias, com descanso de 24 a 45 dias. Deve estar disponível uma área de escape equivalente a 15 % da área total, para ser usada em períodos de deficiência de forragem, de chuvas excessivas, de estiagem prolongada, de ataque de pragas e doenças etc. Nesse sistema de pastejo, as fêmeas lactantes podem ser ordenhadas duas vezes ao dia, produzindo entre 2000 e 2500 kg de leite/lactação em 300 dias.
É aconselhável a utilização de uma área equivalente a 10 % da área de pastagem para plantio de culturas, como cana-de-açúcar, mandioca, milho e outras adaptadas às condições locais, como fonte de suplementação alimentar durante estiagens prolongadas ou outros imprevistos que podem ocorrer nas pastagens, preservando a sustentabilidade do sistema de criação.
PRODUÇÃO DE CARNE:
A criação de bubalinos é mais voltada para a produção de carne, utilizando pastagens nativas com grande número de espécies de gramíneas e leguminosas, localizadas sobretudo em áreas alagadiças, pouco aptas para bovinos, e, em menor escala, em pastagens cultivadas em terra firme. O búfalo também consome, principalmente na época de inundações, pastagens nativas de qualidade inferior, localizadas nas partes mais altas.
Mesmo em pastagens de baixa qualidade ou em locais de difícil acesso às forrageiras, os bubalinos possuem elevada capacidade para produzir carne, em função da habilidade de seu organismo para digerir alimentos grosseiros (com elevado teor de fibras) e da facilidade de locomoção em áreas alagadas ou atoladiças. Em várias condições de manejo, é sabido que os bubalinos apresentam ganhos de peso satisfatórios, o que os transformam em opção viável de produção nas diferentes regiões brasileiras.
As características de odor, sabor e suculência da carne de bubalino são muito semelhantes às de bovino. Quanto à cor, a carne bubalina é mais clara nos animais jovens e mais escura que a de bovinos nos animais mais velhos.
A carne bubalina possui menos gordura intermuscular e intramuscular, caracterizando-se, por isso, como alimento mais saudável para o homem, uma vez que a maior quantidade da gordura de cobertura pode ser facilmente removida.
O maior obstáculo para o consumo de carne de búfalo é o preconceito ainda existente no seio da produção. A inclusão da carne de búfalo no cardápio de alguns bons restaurantes dos principais centros urbanos tem contribuído para o aumento do consumo. Em Belém, Pará, o consumo de carne de bubalinos já atinge em torno de 10% do consumo da carne de bovinos.
PRODUÇÃO DE CARNE EM PASTAGEM NATIVA:
EM TERRA FIRME: é um sistema interessante para grande número de criadores, uma vez que reduz as despesas com formação de pastagens, além da pequena infestação de invasoras, considerando-se que este sistema está em equilíbrio ecológico, dispensando assim a limpeza das pastagens, que normalmente implica em custos elevados. Além disso, a pastagem nativa não é infestada pela cigarrinha das pastagens, principal praga das forrageiras cultivadas.
Entretanto, a baixa capacidade de suporte dessas áreas e a reduzida qualidade da forragem constituem entraves ao melhor desempenho animal. Apesar desse fato, a pastagem nativa deve ser preservada e, se possível, melhorada através da introdução de novas gramíneas e leguminosas, que permitam aumentar a capacidade de suporte e garantir a disponibilidade de forragem durante o ano inteiro, com suprimento alimentar de melhor valor nutritivo.
O manejo utilizado nesse sistema de criação é o extensivo, utilizando-se pastejo contínuo, com taxa de lotação que varia de três a seis hectares por UA, podendo ser melhorado por meio de cercas divisórias que facilitam o manejo. Para um regime mais intensivo, as grandes áreas devem ser transformadas em vários piquetes, aplicando-se a rotação de pastagens. Apenas com a adoção dessas tecnologias simples, observa-se um incremento na taxa de lotação, que chega a um ou dois hectares por UA, em função do melhor aproveitamento das forrageiras. A introdução de gramíneas com maior produtividade e melhor qualidade, como o quicuio-da-amazônia, braquiarão e andropogon, promovem taxa de ocupação que pode chegar até uma UA/ha/ano.
Quando criados no sistema tradicional de pastagem nativa de baixa qualidade em solos pobres, os búfalos atingem apenas 370 kg de peso vivo, aos 30 meses de idade. No sistema melhorado, isto é, em regime semi-extensivo com manejo rotacionado e introdução de gramíneas mais produtivas e fornecimento de mistura mineral à vontade (macro e microelementos misturados em função das deficiências locais ), os animais chegam a atingir cerca de 450 kg de peso vivo, entre 24 e 30 meses de idade.
EM TERRA INUNDÁVEL: nos campos inundáveis é encontrada uma grande variedade de forrageiras. Essas áreas possuem água e lama em abundância, ajudando os animais a se protegerem dos insetos e outros parasitas, além de permitir o controle do calor corporal.
A pastagem nativa de terra inundável, embora seja utilizada eficientemente apenas durante a estação de estiagem, deve ser preservada, pois caracteriza-se como sistema estável e muito econômico, proporcionando boa produtividade do búfalo neste período. Alguns produtores, apresentam também, áreas de terra firme cobertas de forrageiras de baixo valor nutritivo para onde os animais são conduzidos no período crítico. Nessas condições de manejo ultra-extensivo dominante, a capacidade de suporte é de 6 ha por UA. Apesar disso, o desempenho produtivo dos bubalinos á satisfatório, atingindo peso vivo de abate de cerca de 400 kg, aos dois anos de idade. Este sistema de criação pode ser melhorado por meio do uso integrado de pastagens nativas de terra inundável, no período seco do ano, e da pastagem cultivada de terra firme, na época chuvosa.
PRODUÇÃO DE CARNE EM PASTAGEM CULTIVADA
EM TERRA FIRME: pode ser realizada com as gramíneas de cada região. Na região Norte, o quicuio-da-amazônia, normalmente introduzido em solos de baixa fertilidade, constitui excelente alternativa na formação de pastagem devido às suas características de produtividade, agressividade e resistência a pragas e doenças. Os búfalos se adaptam bem as mais diversas condições de ambiente. No entanto, o meio mais favorável é aquele constituído de pastagem em terra firme e bem servido de água. Os cochos devem possuir sal mineral à vontade de acordo com as deficiências da região. As instalações zootécnicas devem ter dimensões adequadas ao atendimento do rebanho e construídas em locais que facilitem o manejo.
O sistema de pastejo mais adotado é o contínuo, com divisões de lotes por categoria animal ( vaca com bezerro, vaca de recria e de engorda ). A taxa de lotação deve ser adequada à disponibilidade de forragem durante o ano inteiro. A pressão de pastejo gira em torno de 1UA/ha/ano.
Em pastejo rotacionado, onde ocorre a divisão de piquetes, normalmente adota-se um manejo flexível, que permite aumentar ou diminuir o número de cabeças por unidade de área, de acordo com a disponibilidade de forragem no decorrer do ano. Em condições de pastagem cultivada e de bom manejo, os búfalos podem atingir peso médio de 450 kg de peso vivo, com aproximadamente 20 meses.
EM TERRA INUNDÁVEL: o plantio é realizado somente por mudas, pois as principais forrageiras, canaranas e braquiarias, geralmente não produzem sementes viáveis. O êxito do estabelecimento da pastagem depende das condições de umidade do solo. A gramínea deve ser usada em pastejo contínuo ou rotacionado, com 1 a 3 UA/ha/ano, com roçagem manual e adubação, quando necessária.
O sal mineral deve ser fornecido à vontade no cocho. Após a recria e engorda, os animais podem atingir até 450 kg de peso vivo aos 18 meses de idade.
Produção de carne em sistema integrado: a formação de pastagem cultivada em terra firme, com o objetivo de viabilizar o uso do sistema integrado, constitui alternativa importante no desenvolvimento da pecuária, tendo em vista que no período das inundações as pastagens devem ser preservadas para serem utilizadas no período seco, quando as gramíneas de terra firme apresentam reduzida disponibilidade de forragem, de menor valor nutritivo.
Esse sistema pode ser implantado em algumas regiões do país, utilizando-se as pastagens nativas de terra inundável, durante o período seco, e as áreas de terra firme, com pastagem cultivada, durante a época chuvosa. Em terra firme deve ser providenciado, se possível, locais para banho e consumo de água.
O sistema de manejo pode ser contínuo ou de preferência rotacionado, com taxa de lotação de até 3 UA/ha/período. Nesse sistema, os búfalos chegam a atingir 470 kg de peso vivo aos 24 meses de idade. A utilização do sistema integrado permite a obtenção de carcaças de melhor padrão, mais pesadas e precoces, além de possibilitar a comercialização na entressafra.
PRODUÇÃO DE CARNE EM SISTEMA INTENSIVO ROTACIONADO:
Nesse sistema devem ser utilizadas gramíneas de elevada produtividade e bom valor nutritivo, dos gêneros Pennisetum (cameron, napier, roxo), Brachiaria (braquiarão ou quicuio-da-amazônia), Panicum (tobiatã, tanzânia e mombaça), plantadas em terra firme, ou Echynochloa (canarana-erecta-lisa e canarana de paramaribo), em terra inundável. Essas gramíneas, quando bem manejadas, asseguram elevadas taxas de lotação. É possível conseguir taxas de 3 a 4 UA/ha/ano).
O período de ocupação de cada piquete deve variar de 1 a 7 dias, com período de descanso de 24 a 45 dias, de acordo com a disponibilidade de forragem avaliada a cada ciclo de pastejo.
Os piquetes devem ser arranjados preferencialmente de forma a darem acesso a uma área central de manejo, contendo cocho para mineralização e bebedouros. Quando existirem aguadas naturais, os piquetes podem ser direcionados para as mesmas. Nesse sistema de criação, o ganho de peso pode alcançar até 1000 kg/ha/ano.
PRODUÇÃO DE CARNE EM CONFINAMENTO:
Nesse sistema, os animais permanecem em currais, divididos em grupos, com acesso à mistura mineral e água para banho e consumo. A alimentação é fornecida diariamente no cocho, sendo constituída de 60 % de volumoso e 40 % de concentrado.
Devem ser implantados em pequenas propriedades próximas aos grandes centros urbanos.
A alimentação deve ser constituída de gramíneas de bom valor nutritivo, cortadas manual ou mecanicamente, e de rações compostas por ingredientes produzidos na própria fazenda ou provenientes da agroindústria, de acordo com a disponibilidade e preços locais. Esse sistema é interessante pelo fato de permitir a produção em menor tempo e em pequenas áreas, estando sua rentabilidade associada diretamente à disponibilidade e ao preço dos componentes da ração concentrada.
ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO:
Conforme dito anteriormente, o manejo da pastagem é de fundamental importância na produtividade da mesma. Temos de partir do princípio de que o animal produz mediante o suprimento de suas necessidades básicas, para poder transformar esse alimento em carne e/ou leite. Uma capineira bem manejada deve proporcionar volumoso suficiente para abastecer um rebanho, com até três cortes do capim por ano, aproveitando na sua adubação o esterco esparramado após a retirada do volumoso. O tamanho desta capineira depende do número de animais a serem suplementados. Um rebanho de 25 vacas leiteiras precisa de uma capineira de aproximadamente 3,8 ha, divididos em dez talhões principais, separados por corredores. A cada semana corta-se um talhão de maneira sequencial.
O capim-elefante é uma gramínea produtiva, necessitando portanto de adubação. Antes do plantio, faz-se uma adubação com 170 kg de uréia, 250 kg de superfosfato simples e 80 kg de cloreto de potássio por hectare. Depois de cada corte, faz-se uma adubação com esterco de curral na base de 8 toneladas por hectare.
A forragem deve ser cortada diariamente e picada para facilitar o consumo pelos animais e poder ser misturada com concentrados. O cálculo para consumo de forragem verde é feito na base de 10 % do peso vivo do animal.
SUPLEMENTAÇÃO ALIMENTAR:
A alimentação exerce grande influência na produção, melhoramento, sanidade e no rendimento econômico da criação de búfalos. A grande maioria de produtores que utiliza o búfalo para produção de leite e carne adota o sistema alimentar baseado exclusivamente no fornecimento de alimentos volumosos (pastagens nativas, cultivadas e capineiras) que, em alguns casos, possuem limitado valor nutritivo em função de fatores ambientais e de manejo, e não fornece suprimento adequado de nutrientes capaz de assegurar nível de produção mais elevado que o atual.
Independente da espécie forrageira utilizada para a formação de pastagem e do manejo empregado, é possível atender, nesse sistema, a demanda nutricional até um determinado nível de produção. Para produções acima deste limite, é preciso utilizar alimentos de melhor valor nutritivo, capazes de suprir adequadamente as necessidades nutricionais do animal.
A título de exemplo, uma fêmea de 500 kg de peso vivo, alimentada exclusivamente com forragem contendo na matéria seca (MS) 56 % de nutrientes digestíveis totais (NDT), 10 % de proteína bruta (PB), 0,42 % de cálcio (Ca) e 0,22 %de fósforo (P), e ingerindo matéria seca equivalente a 2,0 % de seu peso vivo, consome energia suficiente para sua manutenção e para a produção aproximada de 4 kg de leite com 7 % de gordura.
Nesse caso, uma produção superior a 4 kg de leite/dia requer alimentação suplementar à base de mistura com 70 % de nutrientes digestíveis totais, 20 % de proteína bruta, 0,58 % de cálcio e 0,44 % de fósforo a ser fornecida na proporção de 1 kg para cada 2 kg de leite produzido acima de 4 kg. Cabe salientar que, à medida que a qualidade da pastagem é melhorada, diminui a quantidade de suplemento alimentar por animal/dia.
MINERALIZAÇÃO:
A suplementação mineral, em criação de búfalos na Amazônia, é pouco praticada e quando empregada consiste no fornecimento de misturas que normalmente não atendem às exigências dos animais. Essa norma é comum nas criações, cuja alimentação predominante são as gramíneas nativas de várzea ou de solos sujeitos a inundações periódicas por rios de águas barrentas.
Uma mistura mineral recomendada pela EMBRAPA – CPATU é a seguinte:
* Farinha de ossos: 50 a 80 kg;
* Sal comum iodado: 20 a 50 kg
* Sulfato de cobre: 0,12 a 0,24 kg; e
* Sulfato de cobalto: 0,05 a 0,15 kg.
Essa mistura deve ser fornecida à vontade em cochos cobertos, esperando-se um consumo médio de 50 gramas/cabeça/dia. Cada piquete deve dispor de pelo menos um cocho.
Quando o sistema de alimentação usado requer uma suplementação alimentar com concentrados, um sistema prático e econômico de mineralização do rebanho é o fornecimento da mistura mineral juntamente com o suplemento protéico-energético, na proporção aproximada de 50 gramas/cabeça/dia.
INSTALAÇÕES ZOOTÉCNICAS (carne/leite:
Vários são os tipos de instalações zootécnicas que podem ser usados para as diferentes atividades de manejo do rebanho. Para escolher o modelo, o bubalinocultor deve levar em consideração o custo, a durabilidade e a funcionalidade. Vale ressaltar que qualquer que seja o modelo de instalação para manejo dos búfalos, o criador deve, se possível, localizá-lo em terreno firme e drenado. Em terrenos alagadiços, o fazendeiro deve recorrer ao aterramento da área escolhida, a fim de obter uma elevação do terreno (aterro) bem compactada antes de construir as instalações.
Por outro lado, o material utilizado e o modelo de construção adotado devem ser compatíveis em grande parte com as condições climáticas e de solo onde o trabalho será realizado. Assim, é importante que o criador escolha os modelos mais apropriados para sua fazenda, usando o material disponível na região e realizando até adaptações nos modelos, se necessário, a fim de implantá-los com pleno êxito.
TRAÇÃO ANIMAL:
A escolha do búfalo como animal de tração deve-se ao fato de ele apresentar algumas características que lhe permitem maior adaptação ao trabalho de tração, principalmente em solos lamacentos, pois seus largos cascos fendados e a grande articulação de seus membros fazem com que a capacidade física do animal seja melhor aproveitada.
Quanto à seleção de um animal para tração, deve-se dar preferência aos animais que possuem: temperamento dócil, para facilitar o amansamento; idade de um e meio a dois anos; peito amplo, largo e linha dorso-lombar sem curvatura acentuada.
Dentre as raças bubalinas, a Carabao tem mostrado excelentes resultados, sobretudo no que se refere à resistência ao trabalho, apresentando maior dificuldade no amansamento. Já as raças Mediterrâneo e Murrah são indicadas para trabalhos em terra firme. Independente da raça, os animais adultos devem ser descartados, pois dificilmente absorverão os treinamentos por já possuírem hábitos regulares.
Um animal de trabalho necessita, além do capim, de suplementação alimentar, que pode ser o farelo de trigo ou de arroz, mandioca picada, rama de feijão verde, etc., e também de suplementação mineral à vontade, no cocho.
O búfalo é um animal que praticamente não sua, por isso sofre muito nos dias de sol quente. Para não maltratar o animal, recomenda-se o trabalho nos períodos menos quentes do dia e com duração máxima de cinco horas.
Após cada período de trabalho e antes do descanso, dar água ao animal e, se possível, também, um banho.
Quando o animal atinge dois a três anos de idade, ocorre a troca de dentes. Isso faz com que ele tenha dificuldades para pastar, tendendo a emagrecer. Nesse período deve ser alimentado, no cocho, com capim picado.
PRODUTOS DERIVADOS DO LEITE DE BÚFALA:
Em relação ao leite de bovino, o leite da búfala tem uma coloração branca muito acentuada devido à falta dos pigmentos carotenóides. Embora presentes em forrageiras e rações animais, esses pigmentos são metabolizados em vitamina A, não se encontrando, portanto, no leite e em seus derivados.
A gordura é branca, constituída de glóbulos maiores, proporcionando uma manteiga também branca. A composição média do leite de búfala é maior e se apresenta nas seguintes proporções: água (umidade) 82,50 %; gordura 7,80 %; lactose 4,9 %; proteína 4,0 %; e resíduo mineral fixo 0,80 %. Essa alta composição o torna mais concentrado e de difícil digestão principalmente para crianças em amamentação e idosos.
Produtos derivados do leite de búfala:
* Iogurte
* Queijo branco tipo frescal
* Queijo mussarela
* Queijo provolone
* Requeijão marajoara
* Doce de leite
PECULIARIDADES DOS BÚFALOS:
A búfala é poliéstrica contínua (sazonal): como a vaca bovina, a búfala deve apresentar cios regulares de 21 em 21 dias. É denominada sazonal por concentrar os cios nas melhores épocas para sua atividade reprodutiva, ou seja quando as pastagens são abundantes e de boa qualidade.
ESTACIONALIDADE DAS PARIÇÕES: pelo mesmo motivo anterior, as fêmeas bubalinas tendem a concentrar as parições em função das melhores condições de alimentação, daí a percentagem de nascimento numa determinada época ser bem maior que em outras, dependendo da região onde são criadas.
HÁBITO SEXUAL NOTURNO: grande parte das cobrições entre os búfalos ocorre durante a noite, em função das temperaturas mais amenas.
REGULAÇÃO DO CALOR CORPORAL: os búfalos apresentam menor número de glândulas sudoríparas por unidade de área do corpo, se comparado com os bovinos. Apesar disso, são bastante eficientes e conseguem regular o calor muito bem apenas à sombra. Daí por que se afirma que para criar búfalos não há necessidade de lamaçais, açudes, rios, etc. Basta ter sombra à vontade para os animais, mas havendo disponibilidade desses ambientes deve-se deixá-los à vontade para utilizá-los.
PROTEÇÃO PELA LAMA: o chafurdamento na lama, criando uma crosta no corpo dos búfalos, é uma proteção contra os ectoparasitas, principalmente piolhos e moscas hematófagas.
PERÍODO DE GESTAÇÃO: as búfalas apresentam um período de gestação em torno de um mês mais longo do que as fêmeas bovinas, ou seja: 310 ± 10 dias, ou seja, 10 meses.
VIDA ÚTIL PRODUTIVA MAIS LONGA: os búfalos vivem mais tempo do que os bovinos. Produzem sem problemas até os 20 anos. Há casos de búfalas parindo até quase 30 anos, sem problemas.
GRANDE CAPACIDADE DE ADAPTAÇÃO E TRANSFORMA MELHOR OS ALIMENTOS MAIS GROSSEIROS: é maior a capacidade dos bubalinos em transformarem os alimentos mais grosseiros em carne e leite. Isso tem proporcionado grande adaptação dos animais que são encontrados no mundo todo, nas mais diferentes regiões, seja nos desertos, com temperaturas de 40° C, seja nas áreas geladas, com neve durante vários meses.
O BÚFALO É MENOS SELETIVO QUANTO AOS ALIMENTOS: pelo mesmo motivo do item anterior, os búfalos não escolhem muito o que comem. Numa comunidade de invasoras de pastagens, os búfalos consomem muitas delas, independente de serem ou não citadas como forrageiras.
GRANDE DOCILIDADE: diferentemente de seu aspecto, os búfalos são bastante dóceis, sendo manejados até por crianças, tanto no trabalho de tração quanto nas ordenhas diárias, não oferecendo nenhum perigo aos manejadores.
HABILIDADE: os técnicos, criadores e tratadores que convivem há algum tempo com os búfalos garantem que os animais apresentam determinadas habilidades, além de grande percepção do mundo à sua volta. Não são raros os casos de búfalos que abrem porteiras ou que levantam o arame da cerca permitindo a saída do rebanho da área de contenção ou que, no manejo diário, se acostumam mais rapidamente com os seus nomes, com os lugares, etc.
Apesar de seu grande potencial para a produção de alimentos, o Brasil encontra-se, ainda hoje, em situação desconfortável, em relação ao suprimento de uma dieta mínima aos segmentos menos favorecidos da população.
A produção de alimentos a baixo custo é uma alternativa para a superação desse estigma nacional. Nesse contexto, a criação de búfalos, a exemplo do que ocorre com a criação de pequenos e médios animais, adquire contornos de opção ao viabilizar a conversão de áreas marginais, disponíveis em várias regiões do país, como as baixadas alagadas com pastagens de baixo valor nutritivo, em proteínas nobres. Em pouco menos de um século de sua introdução no país, o rebanho bubalino nacional vem crescendo a taxas superiores a 10% ao ano, contando hoje, com mais de dois milhões e meio de cabeças.
Uma criação alternativa como a de búfalos representa um acréscimo significativo na produção de carne e leite, em função da capacidade produtiva desses animais, que podem atingir 400 a 500 kg, aos dois anos de idade, em pastagens nativas ou cultivadas, e cuja produção de leite pode alcançar a média de 5 litros/fêmea/dia, em regime de pasto, sem qualquer suplementação.
O leite da búfala é de excelente qualidade e possui grande rendimento na transformação em subprodutos. Além disso, apresenta bom desempenho em trabalhos de tração, sendo de grande valia para o pequeno produtor. Aos aspectos produtivos soma-se a docilidade desses animais.
CLASSIFICAÇÃO:
Família: Bovidae
Sub Família: Bovinae
Bubalus bubalis variedade bubalis: é o búfalo doméstico ou indiano, abrangendo os búfalos da Índia, Paquistão, China, Turquia e de vários países da Europa e América. Os búfalos provenientes da Itália também pertencem a esta subespécie. É denominado mundialmente de búfalo de rio.
Bubalus bubalis variedade Kerebau: é encontrado no Ceilão, Indochina, Ilhas da Indonésia e Filipinas. É o Carabao, que na região amazônica recebe a denominação de Rosilho. É também chamado de “búfalo do pântano”.
Os búfalos de pântano, representados no Brasil pela raça Carabao, apresenta um conjunto de 48 cromossomos ( 2n=48 ). Os búfalos de rio ( no Brasil as raças Murrah, Jafarabadi e Mediterrâneo ) possuem 50 cromossomos ( 2n=50 ).
PRODUÇÃO DE LEITE:
A produção de leite de búfalas é, sem dúvida, uma atividade de imensa importância em vários países do mundo. No Brasil os búfalos são criados principalmente para a produção de carne, mas já começam a ser aproveitados, e com grande sucesso, também na produção de leite.
Em alguns casos, os bubalinos exibem produtividade leiteira economicamente superior aos zebuínos, isto é, cada litro de leite é produzido a custo menor, por apresentarem grande rusticidade, o que lhes permite aproveitar melhor as forragens de qualidade inferior e se adaptar às mais diferentes condições climáticas, com marcante resistência a doenças. Colocados, porém no habitat do gado bovino europeu especializado, os búfalos não conseguem atingir os excelentes resultados desses bovinos, selecionados durante vários séculos. Apesar disso os valores de produção dos búfalos são bastante elevados, chegando em alguns casos a superar os 4000 kg de leite por fêmea/ lactação.
Na elaboração de laticínios, o leite da búfala apresenta rendimento industrial superior ao leite bovino. Possui, ainda, 33% menos colesterol, 48 % menos proteína, 59 % mais cálcio e 47 % mais fósforo. Por conter maior teor de gordura, são necessários apenas 14 litros de leite de búfala para produzir 1 kg de manteiga, enquanto que para obter a mesma quantidade de manteiga com leite bovino, são necessários aproximadamente 20 litros. Por outro lado, com apenas 8 litros de leite de búfala pode-se obter 1 kg de queijo mussarela de alta qualidade. São necessários 12 litros de leite de vaca para a mesma finalidade.
Em geral, as búfalas são consideradas excelentes produtoras de leite quando atingem média superior a 7 litros de leite/fêmea/dia, durante uma lactação de aproximadamente 270 dias, alimentando-se exclusivamente de pastagem cultivada. Em pastagem nativa esta média não ultrapassa 5 litros em um período de 250 dias.
Com a utilização de búfalas de boa aptidão leiteira, das raças Murrah, Mediterrâneo, Jafarabadi, há possibilidade de obtenção de produção satisfatória de leite, a baixo custo, usando-se tecnologias simples e de fácil adoção, além da utilização dos machos para reprodução ou sistema de produção de carne.
Tendo em vista o maior rendimento do leite de búfala em laticínios, recomenda-se seu total aproveitamento na fabricação de queijos, manteiga, iogurte e doce de leite. O soro pode servir de alimento para suínos e outros animais.
ALIMENTAÇÃO:
O búfalo é um excelente transformador de alimentos grosseiros (forrageiras de alto teor de fibra e baixo valor nutritivo), podendo produzir satisfatoriamente em condições adversas. Entretanto, níveis superiores de produtividade são alcançados com suplementação alimentar (agroindústria e/ou alimentos obtidos na fazenda), bem como mineralização do rebanho com macro e microelementos, de acordo com as deficiências locais.
As fêmeas leiteiras com produções diárias superiores a 7 kg de leite devem receber suplementação de concentrado energético-proteico, na proporção de 1 kg de ração para cada 3 kg de leite produzidos. Os bezerros lactentes de fêmeas submetidas a duas ordenhas diárias, além de pastejar gramíneas de boa qualidade ou recebê-las trituradas em cochos, devem consumir ração suplementar de bom valor nutritivo, na proporção de 1 kg para cada 100 kg de peso vivo, além de minerais e água. Os bezerros provenientes de uma ordenha diária, acompanham a mãe após a ordenha, permanecendo juntos até o final da tarde, quando são apartados, ficando os bezerros em pastos próximos ao estábulo ou em bezerreiros com forrageiras trituradas, sal mineral e água.
Em pastagens nativas, o sistema de criação é extensivo não havendo controle de carga animal. Nessas condições, aconselha-se o uso integrado de pastagem nativa com pastagem cultivada para melhor desempenho produtivo do rebanho, durante os períodos críticos.
Nas terras inundáveis, em solos de média e alta fertilidade, a gramínea cultivada mais utilizada por esses animais é a canarana-erecta-lisa (Echinocloa pyramidalis). Para melhor desempenho da pastagem, há necessidade de manejo em pastejo rotacionado, com um mínimo de quatro pastos para cada lote de animais, com carga de 1,0 UA de 550 kg de peso vivo/ha/ano.
Em terra firme, o quicuio da amazônia ( Brachiaria humidicola ), braquiarão (Brachiaria brizantha ), colonião ( Panicum maximum ) e outras espécies adaptadas às diferentes condições brasileiras podem atender satisfatoriamente as necessidades alimentares dos bubalinos. Essas gramíneas podem ser manejadas em pastejo contínuo, com lotação de 1 UA/ha/ano, e intensivo rotacionado, com 3 UA/ha/ano. Nessas pastagens quando necessário, deve ser efetuada roçagem anual das ervas invasoras.
MANEJO REPRODUTIVO:
Os reprodutores devem ser selecionados, levando-se em consideração: o elevado potencial para produção de leite; o peso compatível com a idade e a raça; e a inexistência de defeitos zootécnicos. Os machos devem ser enlotados aos 30 meses de idade, na relação touro: vaca de1:25, em sistemas extensivos, e no máximo 1:40, nos intensivos. Para evitar consangüinidade, os reprodutores devem ser descartados de modo que não cubram suas próprias filhas.
Devem ser descartadas as fêmeas que ao final da segunda lactação, tenham apresentado produção leiteira inferior à média do rebanho, as que não tiverem parido por dois anos consecutivos, as que tiverem atingido doze anos de idade, as má criadeiras (de pouca habilidade materna), as que apresentarem defeitos, as que se mostrarem soro positivas para brucelose e as reativas positivamente para tuberculose.
Após o desmame, os bezerros podem ser transferidos para um pasto distante do rebanho da reprodução, a fim de evitar concorrência pelo leite da mãe entre o bezerro do ano anterior e o recém-nascido. Caso isto não seja possível, o desmame deve ser feito por processo mecânico, como o anel de plástico colocado no septo nasal.
Ao completarem dois anos de idade, as melhores fêmeas devem ser selecionadas com base nos seguintes critérios: produção de leite da mãe, peso vivo da fêmea e ausência de defeitos zootécnicos. Os machos sem as características exigidas para um reprodutor devem ser castrados entre 12 e 18 meses de idade ou transferidos para pastos de engorda e criados separados das fêmeas. Nos rebanhos comerciais, os machos devem ser castrados nos primeiros dias de vida.
IDENTIFICAÇÃO:
A identificação do bezerro deve ser efetuada na primeira semana de vida, colocando brincos nas duas orelhas, e/ou tatuando números com tinta preta ou verde apropriada. Nos animais de sobreano, para maior garantia de identificação e facilidade de leitura, faz-se uma tatuagem na prega ano-caudal.
ORDENHA:
No sistema de duas ordenhas diárias, que incrementa a produção leiteira em torno de 24 %, geralmente adotado em pastagem cultivada, o aleitamento dos bezerros é feito apenas durante o apojo do leite. No de uma ordenha diária os bezerros acompanham a mãe durante o dia.
Se houver condições, as vacas lactantes podem ser submetidas a um banho natural em cursos d’água ou com mangueiras no estábulo, antes da ordenha, visando maior higiene do leite e conforto dos animais. Imediatamente antes da ordenha devem ser efetuados a limpeza do úbere com água clorada ou outro bactericida, a coleta de leite para teste de mamite e, posteriormente, o enxugamento do úbere do animal.
A ordenha mecânica é bem aceita pelas búfalas que na sua maioria dispensam contenções soficticadas e até mesmo a pêia. Aguardam pacientemente o término da ordenha.
PRODUÇÃO DE LEITE EM SISTEMA INTENSIVO:
ESTABULAÇÃOLIVRE: esse sistema de produção deve ser utilizado, preferencialmente, por produtores que dispõem de máquinas e equipamentos, boas instalações, áreas cultivadas com volumosos de bom valor nutritivo e, sobretudo, fêmeas com elevado potencial de produção leiteira.
A ração concentrada deve ser fornecida principalmente durante o período seco e de acordo com a produção de leite de cada fêmea. Os animais devem receber cerca de 1 kg de concentrado (com 18 % de proteína bruta e 70 % de NDT ) para cada 3 kg de leite produzidos. Nesse sistema de criação, as fêmeas podem produzir cerca de 2600 kg/ lactação de 300 dias
PASTEJO INTESIVO ROTACIONADO: deve-se escolher uma forrageira de alta produção por área, com elevado valor nutritivo. Em seguida, escolhe-se uma área adequada, não sujeita a inundações e relativamente plana, que facilite a mecanização. Recomenda-se fazer aração e gradagem, bem como adubação de plantio e manutenção.
No manejo intensivo rotacionado efetua-se a divisão da área em piquetes, os quais são pastejados pelo período de um a sete dias, com descanso de 24 a 45 dias. Deve estar disponível uma área de escape equivalente a 15 % da área total, para ser usada em períodos de deficiência de forragem, de chuvas excessivas, de estiagem prolongada, de ataque de pragas e doenças etc. Nesse sistema de pastejo, as fêmeas lactantes podem ser ordenhadas duas vezes ao dia, produzindo entre 2000 e 2500 kg de leite/lactação em 300 dias.
É aconselhável a utilização de uma área equivalente a 10 % da área de pastagem para plantio de culturas, como cana-de-açúcar, mandioca, milho e outras adaptadas às condições locais, como fonte de suplementação alimentar durante estiagens prolongadas ou outros imprevistos que podem ocorrer nas pastagens, preservando a sustentabilidade do sistema de criação.
PRODUÇÃO DE CARNE:
A criação de bubalinos é mais voltada para a produção de carne, utilizando pastagens nativas com grande número de espécies de gramíneas e leguminosas, localizadas sobretudo em áreas alagadiças, pouco aptas para bovinos, e, em menor escala, em pastagens cultivadas em terra firme. O búfalo também consome, principalmente na época de inundações, pastagens nativas de qualidade inferior, localizadas nas partes mais altas.
Mesmo em pastagens de baixa qualidade ou em locais de difícil acesso às forrageiras, os bubalinos possuem elevada capacidade para produzir carne, em função da habilidade de seu organismo para digerir alimentos grosseiros (com elevado teor de fibras) e da facilidade de locomoção em áreas alagadas ou atoladiças. Em várias condições de manejo, é sabido que os bubalinos apresentam ganhos de peso satisfatórios, o que os transformam em opção viável de produção nas diferentes regiões brasileiras.
As características de odor, sabor e suculência da carne de bubalino são muito semelhantes às de bovino. Quanto à cor, a carne bubalina é mais clara nos animais jovens e mais escura que a de bovinos nos animais mais velhos.
A carne bubalina possui menos gordura intermuscular e intramuscular, caracterizando-se, por isso, como alimento mais saudável para o homem, uma vez que a maior quantidade da gordura de cobertura pode ser facilmente removida.
O maior obstáculo para o consumo de carne de búfalo é o preconceito ainda existente no seio da produção. A inclusão da carne de búfalo no cardápio de alguns bons restaurantes dos principais centros urbanos tem contribuído para o aumento do consumo. Em Belém, Pará, o consumo de carne de bubalinos já atinge em torno de 10% do consumo da carne de bovinos.
PRODUÇÃO DE CARNE EM PASTAGEM NATIVA:
EM TERRA FIRME: é um sistema interessante para grande número de criadores, uma vez que reduz as despesas com formação de pastagens, além da pequena infestação de invasoras, considerando-se que este sistema está em equilíbrio ecológico, dispensando assim a limpeza das pastagens, que normalmente implica em custos elevados. Além disso, a pastagem nativa não é infestada pela cigarrinha das pastagens, principal praga das forrageiras cultivadas.
Entretanto, a baixa capacidade de suporte dessas áreas e a reduzida qualidade da forragem constituem entraves ao melhor desempenho animal. Apesar desse fato, a pastagem nativa deve ser preservada e, se possível, melhorada através da introdução de novas gramíneas e leguminosas, que permitam aumentar a capacidade de suporte e garantir a disponibilidade de forragem durante o ano inteiro, com suprimento alimentar de melhor valor nutritivo.
O manejo utilizado nesse sistema de criação é o extensivo, utilizando-se pastejo contínuo, com taxa de lotação que varia de três a seis hectares por UA, podendo ser melhorado por meio de cercas divisórias que facilitam o manejo. Para um regime mais intensivo, as grandes áreas devem ser transformadas em vários piquetes, aplicando-se a rotação de pastagens. Apenas com a adoção dessas tecnologias simples, observa-se um incremento na taxa de lotação, que chega a um ou dois hectares por UA, em função do melhor aproveitamento das forrageiras. A introdução de gramíneas com maior produtividade e melhor qualidade, como o quicuio-da-amazônia, braquiarão e andropogon, promovem taxa de ocupação que pode chegar até uma UA/ha/ano.
Quando criados no sistema tradicional de pastagem nativa de baixa qualidade em solos pobres, os búfalos atingem apenas 370 kg de peso vivo, aos 30 meses de idade. No sistema melhorado, isto é, em regime semi-extensivo com manejo rotacionado e introdução de gramíneas mais produtivas e fornecimento de mistura mineral à vontade (macro e microelementos misturados em função das deficiências locais ), os animais chegam a atingir cerca de 450 kg de peso vivo, entre 24 e 30 meses de idade.
EM TERRA INUNDÁVEL: nos campos inundáveis é encontrada uma grande variedade de forrageiras. Essas áreas possuem água e lama em abundância, ajudando os animais a se protegerem dos insetos e outros parasitas, além de permitir o controle do calor corporal.
A pastagem nativa de terra inundável, embora seja utilizada eficientemente apenas durante a estação de estiagem, deve ser preservada, pois caracteriza-se como sistema estável e muito econômico, proporcionando boa produtividade do búfalo neste período. Alguns produtores, apresentam também, áreas de terra firme cobertas de forrageiras de baixo valor nutritivo para onde os animais são conduzidos no período crítico. Nessas condições de manejo ultra-extensivo dominante, a capacidade de suporte é de 6 ha por UA. Apesar disso, o desempenho produtivo dos bubalinos á satisfatório, atingindo peso vivo de abate de cerca de 400 kg, aos dois anos de idade. Este sistema de criação pode ser melhorado por meio do uso integrado de pastagens nativas de terra inundável, no período seco do ano, e da pastagem cultivada de terra firme, na época chuvosa.
PRODUÇÃO DE CARNE EM PASTAGEM CULTIVADA
EM TERRA FIRME: pode ser realizada com as gramíneas de cada região. Na região Norte, o quicuio-da-amazônia, normalmente introduzido em solos de baixa fertilidade, constitui excelente alternativa na formação de pastagem devido às suas características de produtividade, agressividade e resistência a pragas e doenças. Os búfalos se adaptam bem as mais diversas condições de ambiente. No entanto, o meio mais favorável é aquele constituído de pastagem em terra firme e bem servido de água. Os cochos devem possuir sal mineral à vontade de acordo com as deficiências da região. As instalações zootécnicas devem ter dimensões adequadas ao atendimento do rebanho e construídas em locais que facilitem o manejo.
O sistema de pastejo mais adotado é o contínuo, com divisões de lotes por categoria animal ( vaca com bezerro, vaca de recria e de engorda ). A taxa de lotação deve ser adequada à disponibilidade de forragem durante o ano inteiro. A pressão de pastejo gira em torno de 1UA/ha/ano.
Em pastejo rotacionado, onde ocorre a divisão de piquetes, normalmente adota-se um manejo flexível, que permite aumentar ou diminuir o número de cabeças por unidade de área, de acordo com a disponibilidade de forragem no decorrer do ano. Em condições de pastagem cultivada e de bom manejo, os búfalos podem atingir peso médio de 450 kg de peso vivo, com aproximadamente 20 meses.
EM TERRA INUNDÁVEL: o plantio é realizado somente por mudas, pois as principais forrageiras, canaranas e braquiarias, geralmente não produzem sementes viáveis. O êxito do estabelecimento da pastagem depende das condições de umidade do solo. A gramínea deve ser usada em pastejo contínuo ou rotacionado, com 1 a 3 UA/ha/ano, com roçagem manual e adubação, quando necessária.
O sal mineral deve ser fornecido à vontade no cocho. Após a recria e engorda, os animais podem atingir até 450 kg de peso vivo aos 18 meses de idade.
Produção de carne em sistema integrado: a formação de pastagem cultivada em terra firme, com o objetivo de viabilizar o uso do sistema integrado, constitui alternativa importante no desenvolvimento da pecuária, tendo em vista que no período das inundações as pastagens devem ser preservadas para serem utilizadas no período seco, quando as gramíneas de terra firme apresentam reduzida disponibilidade de forragem, de menor valor nutritivo.
Esse sistema pode ser implantado em algumas regiões do país, utilizando-se as pastagens nativas de terra inundável, durante o período seco, e as áreas de terra firme, com pastagem cultivada, durante a época chuvosa. Em terra firme deve ser providenciado, se possível, locais para banho e consumo de água.
O sistema de manejo pode ser contínuo ou de preferência rotacionado, com taxa de lotação de até 3 UA/ha/período. Nesse sistema, os búfalos chegam a atingir 470 kg de peso vivo aos 24 meses de idade. A utilização do sistema integrado permite a obtenção de carcaças de melhor padrão, mais pesadas e precoces, além de possibilitar a comercialização na entressafra.
PRODUÇÃO DE CARNE EM SISTEMA INTENSIVO ROTACIONADO:
Nesse sistema devem ser utilizadas gramíneas de elevada produtividade e bom valor nutritivo, dos gêneros Pennisetum (cameron, napier, roxo), Brachiaria (braquiarão ou quicuio-da-amazônia), Panicum (tobiatã, tanzânia e mombaça), plantadas em terra firme, ou Echynochloa (canarana-erecta-lisa e canarana de paramaribo), em terra inundável. Essas gramíneas, quando bem manejadas, asseguram elevadas taxas de lotação. É possível conseguir taxas de 3 a 4 UA/ha/ano).
O período de ocupação de cada piquete deve variar de 1 a 7 dias, com período de descanso de 24 a 45 dias, de acordo com a disponibilidade de forragem avaliada a cada ciclo de pastejo.
Os piquetes devem ser arranjados preferencialmente de forma a darem acesso a uma área central de manejo, contendo cocho para mineralização e bebedouros. Quando existirem aguadas naturais, os piquetes podem ser direcionados para as mesmas. Nesse sistema de criação, o ganho de peso pode alcançar até 1000 kg/ha/ano.
PRODUÇÃO DE CARNE EM CONFINAMENTO:
Nesse sistema, os animais permanecem em currais, divididos em grupos, com acesso à mistura mineral e água para banho e consumo. A alimentação é fornecida diariamente no cocho, sendo constituída de 60 % de volumoso e 40 % de concentrado.
Devem ser implantados em pequenas propriedades próximas aos grandes centros urbanos.
A alimentação deve ser constituída de gramíneas de bom valor nutritivo, cortadas manual ou mecanicamente, e de rações compostas por ingredientes produzidos na própria fazenda ou provenientes da agroindústria, de acordo com a disponibilidade e preços locais. Esse sistema é interessante pelo fato de permitir a produção em menor tempo e em pequenas áreas, estando sua rentabilidade associada diretamente à disponibilidade e ao preço dos componentes da ração concentrada.
ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO:
Conforme dito anteriormente, o manejo da pastagem é de fundamental importância na produtividade da mesma. Temos de partir do princípio de que o animal produz mediante o suprimento de suas necessidades básicas, para poder transformar esse alimento em carne e/ou leite. Uma capineira bem manejada deve proporcionar volumoso suficiente para abastecer um rebanho, com até três cortes do capim por ano, aproveitando na sua adubação o esterco esparramado após a retirada do volumoso. O tamanho desta capineira depende do número de animais a serem suplementados. Um rebanho de 25 vacas leiteiras precisa de uma capineira de aproximadamente 3,8 ha, divididos em dez talhões principais, separados por corredores. A cada semana corta-se um talhão de maneira sequencial.
O capim-elefante é uma gramínea produtiva, necessitando portanto de adubação. Antes do plantio, faz-se uma adubação com 170 kg de uréia, 250 kg de superfosfato simples e 80 kg de cloreto de potássio por hectare. Depois de cada corte, faz-se uma adubação com esterco de curral na base de 8 toneladas por hectare.
A forragem deve ser cortada diariamente e picada para facilitar o consumo pelos animais e poder ser misturada com concentrados. O cálculo para consumo de forragem verde é feito na base de 10 % do peso vivo do animal.
SUPLEMENTAÇÃO ALIMENTAR:
A alimentação exerce grande influência na produção, melhoramento, sanidade e no rendimento econômico da criação de búfalos. A grande maioria de produtores que utiliza o búfalo para produção de leite e carne adota o sistema alimentar baseado exclusivamente no fornecimento de alimentos volumosos (pastagens nativas, cultivadas e capineiras) que, em alguns casos, possuem limitado valor nutritivo em função de fatores ambientais e de manejo, e não fornece suprimento adequado de nutrientes capaz de assegurar nível de produção mais elevado que o atual.
Independente da espécie forrageira utilizada para a formação de pastagem e do manejo empregado, é possível atender, nesse sistema, a demanda nutricional até um determinado nível de produção. Para produções acima deste limite, é preciso utilizar alimentos de melhor valor nutritivo, capazes de suprir adequadamente as necessidades nutricionais do animal.
A título de exemplo, uma fêmea de 500 kg de peso vivo, alimentada exclusivamente com forragem contendo na matéria seca (MS) 56 % de nutrientes digestíveis totais (NDT), 10 % de proteína bruta (PB), 0,42 % de cálcio (Ca) e 0,22 %de fósforo (P), e ingerindo matéria seca equivalente a 2,0 % de seu peso vivo, consome energia suficiente para sua manutenção e para a produção aproximada de 4 kg de leite com 7 % de gordura.
Nesse caso, uma produção superior a 4 kg de leite/dia requer alimentação suplementar à base de mistura com 70 % de nutrientes digestíveis totais, 20 % de proteína bruta, 0,58 % de cálcio e 0,44 % de fósforo a ser fornecida na proporção de 1 kg para cada 2 kg de leite produzido acima de 4 kg. Cabe salientar que, à medida que a qualidade da pastagem é melhorada, diminui a quantidade de suplemento alimentar por animal/dia.
MINERALIZAÇÃO:
A suplementação mineral, em criação de búfalos na Amazônia, é pouco praticada e quando empregada consiste no fornecimento de misturas que normalmente não atendem às exigências dos animais. Essa norma é comum nas criações, cuja alimentação predominante são as gramíneas nativas de várzea ou de solos sujeitos a inundações periódicas por rios de águas barrentas.
Uma mistura mineral recomendada pela EMBRAPA – CPATU é a seguinte:
* Farinha de ossos: 50 a 80 kg;
* Sal comum iodado: 20 a 50 kg
* Sulfato de cobre: 0,12 a 0,24 kg; e
* Sulfato de cobalto: 0,05 a 0,15 kg.
Essa mistura deve ser fornecida à vontade em cochos cobertos, esperando-se um consumo médio de 50 gramas/cabeça/dia. Cada piquete deve dispor de pelo menos um cocho.
Quando o sistema de alimentação usado requer uma suplementação alimentar com concentrados, um sistema prático e econômico de mineralização do rebanho é o fornecimento da mistura mineral juntamente com o suplemento protéico-energético, na proporção aproximada de 50 gramas/cabeça/dia.
INSTALAÇÕES ZOOTÉCNICAS (carne/leite:
Vários são os tipos de instalações zootécnicas que podem ser usados para as diferentes atividades de manejo do rebanho. Para escolher o modelo, o bubalinocultor deve levar em consideração o custo, a durabilidade e a funcionalidade. Vale ressaltar que qualquer que seja o modelo de instalação para manejo dos búfalos, o criador deve, se possível, localizá-lo em terreno firme e drenado. Em terrenos alagadiços, o fazendeiro deve recorrer ao aterramento da área escolhida, a fim de obter uma elevação do terreno (aterro) bem compactada antes de construir as instalações.
Por outro lado, o material utilizado e o modelo de construção adotado devem ser compatíveis em grande parte com as condições climáticas e de solo onde o trabalho será realizado. Assim, é importante que o criador escolha os modelos mais apropriados para sua fazenda, usando o material disponível na região e realizando até adaptações nos modelos, se necessário, a fim de implantá-los com pleno êxito.
TRAÇÃO ANIMAL:
A escolha do búfalo como animal de tração deve-se ao fato de ele apresentar algumas características que lhe permitem maior adaptação ao trabalho de tração, principalmente em solos lamacentos, pois seus largos cascos fendados e a grande articulação de seus membros fazem com que a capacidade física do animal seja melhor aproveitada.
Quanto à seleção de um animal para tração, deve-se dar preferência aos animais que possuem: temperamento dócil, para facilitar o amansamento; idade de um e meio a dois anos; peito amplo, largo e linha dorso-lombar sem curvatura acentuada.
Dentre as raças bubalinas, a Carabao tem mostrado excelentes resultados, sobretudo no que se refere à resistência ao trabalho, apresentando maior dificuldade no amansamento. Já as raças Mediterrâneo e Murrah são indicadas para trabalhos em terra firme. Independente da raça, os animais adultos devem ser descartados, pois dificilmente absorverão os treinamentos por já possuírem hábitos regulares.
Um animal de trabalho necessita, além do capim, de suplementação alimentar, que pode ser o farelo de trigo ou de arroz, mandioca picada, rama de feijão verde, etc., e também de suplementação mineral à vontade, no cocho.
O búfalo é um animal que praticamente não sua, por isso sofre muito nos dias de sol quente. Para não maltratar o animal, recomenda-se o trabalho nos períodos menos quentes do dia e com duração máxima de cinco horas.
Após cada período de trabalho e antes do descanso, dar água ao animal e, se possível, também, um banho.
Quando o animal atinge dois a três anos de idade, ocorre a troca de dentes. Isso faz com que ele tenha dificuldades para pastar, tendendo a emagrecer. Nesse período deve ser alimentado, no cocho, com capim picado.
PRODUTOS DERIVADOS DO LEITE DE BÚFALA:
Em relação ao leite de bovino, o leite da búfala tem uma coloração branca muito acentuada devido à falta dos pigmentos carotenóides. Embora presentes em forrageiras e rações animais, esses pigmentos são metabolizados em vitamina A, não se encontrando, portanto, no leite e em seus derivados.
A gordura é branca, constituída de glóbulos maiores, proporcionando uma manteiga também branca. A composição média do leite de búfala é maior e se apresenta nas seguintes proporções: água (umidade) 82,50 %; gordura 7,80 %; lactose 4,9 %; proteína 4,0 %; e resíduo mineral fixo 0,80 %. Essa alta composição o torna mais concentrado e de difícil digestão principalmente para crianças em amamentação e idosos.
Produtos derivados do leite de búfala:
* Iogurte
* Queijo branco tipo frescal
* Queijo mussarela
* Queijo provolone
* Requeijão marajoara
* Doce de leite
PECULIARIDADES DOS BÚFALOS:
A búfala é poliéstrica contínua (sazonal): como a vaca bovina, a búfala deve apresentar cios regulares de 21 em 21 dias. É denominada sazonal por concentrar os cios nas melhores épocas para sua atividade reprodutiva, ou seja quando as pastagens são abundantes e de boa qualidade.
ESTACIONALIDADE DAS PARIÇÕES: pelo mesmo motivo anterior, as fêmeas bubalinas tendem a concentrar as parições em função das melhores condições de alimentação, daí a percentagem de nascimento numa determinada época ser bem maior que em outras, dependendo da região onde são criadas.
HÁBITO SEXUAL NOTURNO: grande parte das cobrições entre os búfalos ocorre durante a noite, em função das temperaturas mais amenas.
REGULAÇÃO DO CALOR CORPORAL: os búfalos apresentam menor número de glândulas sudoríparas por unidade de área do corpo, se comparado com os bovinos. Apesar disso, são bastante eficientes e conseguem regular o calor muito bem apenas à sombra. Daí por que se afirma que para criar búfalos não há necessidade de lamaçais, açudes, rios, etc. Basta ter sombra à vontade para os animais, mas havendo disponibilidade desses ambientes deve-se deixá-los à vontade para utilizá-los.
PROTEÇÃO PELA LAMA: o chafurdamento na lama, criando uma crosta no corpo dos búfalos, é uma proteção contra os ectoparasitas, principalmente piolhos e moscas hematófagas.
PERÍODO DE GESTAÇÃO: as búfalas apresentam um período de gestação em torno de um mês mais longo do que as fêmeas bovinas, ou seja: 310 ± 10 dias, ou seja, 10 meses.
VIDA ÚTIL PRODUTIVA MAIS LONGA: os búfalos vivem mais tempo do que os bovinos. Produzem sem problemas até os 20 anos. Há casos de búfalas parindo até quase 30 anos, sem problemas.
GRANDE CAPACIDADE DE ADAPTAÇÃO E TRANSFORMA MELHOR OS ALIMENTOS MAIS GROSSEIROS: é maior a capacidade dos bubalinos em transformarem os alimentos mais grosseiros em carne e leite. Isso tem proporcionado grande adaptação dos animais que são encontrados no mundo todo, nas mais diferentes regiões, seja nos desertos, com temperaturas de 40° C, seja nas áreas geladas, com neve durante vários meses.
O BÚFALO É MENOS SELETIVO QUANTO AOS ALIMENTOS: pelo mesmo motivo do item anterior, os búfalos não escolhem muito o que comem. Numa comunidade de invasoras de pastagens, os búfalos consomem muitas delas, independente de serem ou não citadas como forrageiras.
GRANDE DOCILIDADE: diferentemente de seu aspecto, os búfalos são bastante dóceis, sendo manejados até por crianças, tanto no trabalho de tração quanto nas ordenhas diárias, não oferecendo nenhum perigo aos manejadores.
HABILIDADE: os técnicos, criadores e tratadores que convivem há algum tempo com os búfalos garantem que os animais apresentam determinadas habilidades, além de grande percepção do mundo à sua volta. Não são raros os casos de búfalos que abrem porteiras ou que levantam o arame da cerca permitindo a saída do rebanho da área de contenção ou que, no manejo diário, se acostumam mais rapidamente com os seus nomes, com os lugares, etc.
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